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Alimentos ultraprocessados afetam a saúde mental de adolescentes, aponta estudo




Nos últimos anos, cresceu no Brasil o número de pesquisas e o debate sobre saúde mental. Os transtornos mentais costumam ser diagnosticados na fase adulta, mas metade dos problemas relacionados à saúde mental tem seu início durante ou até antes da adolescência, em especial os transtornos mentais comuns (TMC) como ansiedade e depressão. 


Um estudo publicado no último mês de abril nos Cadernos de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que esses transtornos mentais estão associados também à má alimentação, ao consumo de ultraprocessados e à insegurança alimentar. 


A pesquisa foi feita com mais de 70 mil adolescentes brasileiros, com idades entre 12 e 17 anos, estudantes de escolas públicas ou particulares de grandes cidades do país e identificou que 17% do grupo estudado apresenta algum grau de TMC. Além disso, alertou que esse tipo de transtorno pode estar diretamente ligado ao consumo de alimentos ultraprocessados, devido a mecanismos neurais. 


Os dados foram obtidos do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) e destaca também que a incidência de TMC foi significativamente maior entre as meninas na faixa etária de 14 e 15 anos. Os pesquisadores também apontaram uma correlação dos TMC com o nível de adiposidade corporal (com base na relação cintura/altura) e nas características do ambiente escolar, isto é, se a escola é pública ou privada, e qual é a oferta de alimentos ultraprocessados no local. 


Entre os principais alimentos ultraprocessados estão os refrigerantes, salgadinhos, doces industrializados e fast foods, que são amplamente consumidos pelos jovens devido a sua praticidade e acessibilidade. 


Dados do Panorama da Obesidade em Crianças e Adolescentes apontam que, no ano passado, mais de 80% de crianças e jovens entre 2 e 19 anos consumiram este tipo de alimento. Os dados são alarmantes e ajudam a ilustrar os resultados da pesquisa publicada pela Fiocruz. 


O estudo alerta ainda para a importância das escolas como um ambiente privilegiado para intervenções educativas de saúde e nutrição, com a promoção de hábitos saudáveis desde cedo. No entanto, ressalta que o ecossistema escolar também pode ter um efeito negativo na saúde dos jovens caso estimule a oferta de alimentos ultraprocessados e pobres em nutrientes. Isso pode gerar riscos imediatos e de longo prazo na saúde desses adolescentes, contribuindo para o aumento da obesidade e a ocorrência de TMCs ainda nessa fase da vida.


A insegurança alimentar e a pandemia da Covid-19


A insegurança alimentar é caracterizada como a falta de acesso regular e permanente a alimentos saudáveis em quantidade adequada. Um artigo sobre o tema feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que 26% dos adolescentes brasileiros ficaram em situação de insegurança alimentar durante a pandemia da Covid-19. 


Entre os mais atingidos, estão os adolescentes pretos e pardos que frequentam escolas públicas. Quase 40% dos adolescentes pretos entrevistados relataram insegurança alimentar, enquanto entre os brancos, a taxa ficou em 19%. Já no recorte escolar, o índice foi de 28% nas escolas públicas e 10% nas particulares. Os dados foram coletados através de formulário online, com 9 mil adolescentes entre 12 e 17 anos. 


Durante a pandemia, cerca de 20% de toda a população brasileira sofreu com insegurança alimentar grave ou moderada. Os dados também apontam que, em 2022, 65% dos lares comandados por pessoas pretas ou pardas ainda conviviam com algum tipo de restrição alimentar.


Em lares com insegurança alimentar, os alimentos mais baratos, que rendem maiores porções e são preparados em menor tempo acabam sendo priorizados no cardápio dessas famílias. Esta situação estimula o aumento do consumo de ultraprocessados, que recebem grande quantidade de gordura, açúcar, sal, aromatizantes, corantes e outros aditivos químicos e refletem um cenário preocupante para a saúde dos jovens e adultos.


O acesso facilitado a alimentos ultraprocessados em relação a alimentos in natura ou minimamente processados pode aumentar do desenvolvimento de obesidade e de doenças crônicas, como a hipertensão e a diabetes, na infância e também na vida adulta.


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