Ao longo dos últimos anos, o Instituto Desiderata tem atuado para promover ambientes alimentares mais saudáveis para crianças e adolescentes, além de conscientizar sobre a importância da prevenção da obesidade. Esse trabalho está diretamente ligado também ao debate sobre consumo de ultraprocessados, que são alimentos preparados industrialmente e que apresentam excesso de sal, gorduras, açúcares, além de aditivos químicos. E vale lembrar que o consumo desses alimentos está associado à obesidade e ao surgimento de outras condições crônicas de saúde, como a diabetes e a hipertensão.
O Brasil apresenta uma realidade preocupante quando o assunto é o consumo de alimentos ultraprocessados. Em 2023, o consumo deles entre crianças e adolescentes de 2 a 19 anos ultrapassou os 80%. Além disso, as bebidas adoçadas artificialmente, como refrigerantes e sucos de caixinha, são consideradas o alimento preferido para essa faixa etária, com mais de 60% de consumo. Os dados são do Panorama da Obesidade em Crianças e Adolescentes, produzido pelo Desiderata com base nos dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan).
Os alimentos e bebidas adoçados, quando não são ricos em açúcares, em geral trazem substitutos químicos muito comuns: os edulcorantes, popularmente conhecidos como adoçantes. Eles são definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como “substâncias diferentes dos açúcares que conferem sabor doce aos alimentos”.
Basicamente, são criados em laboratório e utilizados para adoçar bebidas e alimentos sem adicionar calorias significativas ao produto. Mesmo os chamados edulcorantes naturais (como a frutose e a glicose) extraídos de plantas, frutas e vegetais sofrem alterações químicas para intensificar o sabor doce. Os edulcorantes em geral passaram a ser amplamente consumidos por pessoas que buscam reduzir o consumo de açúcares, seja por preocupação com ganho de peso, ou com a diabetes.
Mesmo sendo pouco calóricos e regulamentados pela Anvisa, estudos indicam que o consumo em excesso pode trazer riscos à saúde e, por isso, organizações que trabalham pelo direito à alimentação adequada e saudável, incluindo a ACT Promoção da Saúde e o Instituto Desiderata, lançaram o documento “Vamos falar de edulcorantes?”, um material informativo sobre essas substâncias. Nele, é possível entender o que são os edulcorantes, quais são mais utilizados pela indústria de ultraprocessados, os perigos para a saúde e a regulamentação deles em alguns países.
A publicação, de fácil leitura, alerta ainda para o alto consumo no Brasil: em uma pesquisa realizada com 12 mil adultos, uma em cada três consumia bebidas com edulcorantes diariamente. Saiba mais aqui.
OMS fez alerta sobre edulcorantes artificiais
Uma diretriz publicada em 2023 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre o uso de edulcorantes artificiais, baseada em resultados de pesquisas científicas. De acordo com a OMS, esses produtos não devem ser utilizados como substitutos do açúcar em dietas para perda de peso, tampouco para redução de condições crônicas de saúde. O consumo prolongado pode trazer efeitos indesejáveis, como uma maior propensão a desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares em adultos.
A diretriz também cita o consumo entre crianças e adolescentes. Devido ao baixo peso corporal e metabolismo ainda em desenvolvimento, a atenção com este grupo deve ser redobrada. Entre os principais fatores que demonstram os riscos do consumo de edulcorantes pelos jovens está o ganho excessivo de peso. Além disso, a exposição aos edulcorantes nas primeiras fases da vida pode afetar a composição corporal, alterar a microbiota intestinal e promover a familiarização precoce com o paladar doce, resultando em hábitos alimentares ruins ao longo da vida. Uma microbiota desequilibrada pode afetar a absorção de nutrientes e aumentar a predisposição a doenças autoimunes e inflamatórias.
O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, ricos não só em edulcorantes, mas em gorduras, sais, aromatizantes e corantes é uma preocupação crescente quando falamos da saúde de crianças e adolescentes. Para proteger o desenvolvimento das gerações futuras, é fundamental promover uma alimentação equilibrada, rica em alimentos naturais e minimamente processados. A educação nutricional e a conscientização sobre os malefícios desses ingredientes e produtos são passos essenciais para fomentar hábitos alimentares saudáveis desde a infância.
Clique aqui e saiba mais sobre o trabalho do Instituto Desiderata na promoção de uma alimentação adequada e saudável para crianças e adolescentes.
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