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Obesidade em crianças pode dobrar por falta de acesso a alimentos saudáveis e espaços para brincar

Criminalidade e acidentes de trânsito na vizinhança também influenciam





Viver em um bairro onde há dificuldades de acesso a uma alimentação saudável, com índices de criminalidade maiores e pouco estímulo à atividade física pode dobrar as chances de uma criança desenvolver obesidade, segundo uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicada na revista científica Cadernos de Saúde Pública.


Essa relação foi observada entre crianças de baixa renda, cujas famílias estão mais suscetíveis à influência de um ambiente alimentar que dificulta escolhas alimentares saudáveis e a prática regular de atividade física - os chamados ambientes obesogênicos.


“Uma das explicações para isso é que famílias de baixa renda são mais dependentes do entorno e, consequentemente, sofrem maior influência dos ambientes obesogênicos, que são ambientes facilitadores de escolhas alimentares não saudáveis”, explica a pesquisadora Ariene Silva do Carmo, nutricionista e co-autora do estudo, em entrevista à Agência Bori.


Definir o ambiente obesogênico é importante para o entendimento de que ter uma alimentação saudável depende de fatores sociais e econômicos, não apenas de escolhas individuais ou das famílias. A prevenção da obesidade infantojuvenil, portanto, deve prever políticas públicas que promovam ambientes saudáveis para as crianças.


O estudo acompanhou 717 estudantes do quarto ano do ensino fundamental em uma escola pública de Belo Horizonte. Deste total, cerca de 12% das crianças apresentaram obesidade e uma em cada três estava com excesso de peso.


Além dos hábitos alimentares, foram levantados dados de peso e altura para determinar o Índice de Massa Corpórea (IMC) dos estudantes acompanhados na capital mineira. As informações foram relacionadas à renda, ao número de espaços públicos para prática de atividades físicas na vizinhança e de comércios que vendem alimentos saudáveis, ou seja, aqueles in natura ou minimamente processados, e não saudáveis, como os ultraprocessados. Entende-se como ultraprocessados os alimentos industrializados que passam por vários processos, entre eles adição excessiva de sal, açúcar, gorduras, entre outros ingredientes de uso industrial, colaborando para o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade.


Morar em vizinhanças com altas taxas de criminalidade e acidentes de trânsito é um fator de risco para a obesidade. Por outro lado, residir próximo de uma praça ou parque é um fator de proteção para a saúde da criança, desde que haja segurança para brincar.


Como a obesidade é um problema multifatorial, o local onde a pessoa vive não é totalmente determinante, mas pode ter grande influência, segundo Ariente do Carmos.

“O ambiente obesogênico é um fator muito importante, talvez seja o principal causador de obesidade nas últimas quatro décadas”, reflete a nutricionista.


A pesquisa se soma a outros estudos que vêm comprovando a influência dos ambientes nos hábitos alimentares e a relação com desigualdades sociais, ambientais e econômicas. Em junho de 2022, pesquisadoras da Unicamp , mostraram que cinco das 18 regiões administrativas da cidade de Campinas (SP) são consideradas pântanos alimentares. O termo se refere aos locais em que predomina a venda e a exposição de produtos e bebidas ultraprocessados, e onde há dificuldade em ter acesso a alimentos saudáveis.


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