Um artigo publicado no Brazilian Journal of Nutrition por pesquisadores brasileiros mostrou a relação entre a pandemia do covid19 e a desigualdade social, a insegurança alimentar e a obesidade no cenário global e no Brasil em particular. Em “Fome conjuntural e obesidade estrutural no cenário global: reflexões sobre o que revelam as máscaras da Covid-19” os autores destacam que, embora os impactos da pandemia sejam sentidos em todo o mundo, a combinação desses fatores influencia diretamente a magnitude desses efeitos sobre populações vulneráveis economicamente, como acontece no caso brasileiro.
A insegurança alimentar e nutricional está associada à baixa qualidade da dieta e a maiores índices de obesidade, o que prejudica a resposta imunológica e predispõe a piores prognósticos em relação ao novo coronavírus. Populações economicamente vulneráveis devem encarar piores desfechos da doença, além do agravamento da situação econômica, da piora da insegurança alimentar e nutricional, e do aumento dos índices de obesidade.
Forma-se então um círculo vicioso: a dificuldade no acesso a uma boa alimentação compromete o estado nutricional e a saúde do indivíduo, o que, por sua vez, os torna vulneráveis a piores prognósticos uma vez contaminados, enquanto a propagação da pandemia agrava as condições de acesso a uma alimentação adequada.
Os autores fizeram uma revisão de dados oficiais, documentos técnicos e da bibliografia sobre o tema entre 1º de junho de 2020 a 19 de abril de 2021. Foram realizadas análises comparativas de indicadores sociodemográficos e de saúde entre países especificamente selecionados, como Brasil, China, Estados Unidos da América, Itália e Suécia.
A conclusão é que, diante desse cenário, é urgente que se promovam ações imediatas de Segurança Alimentar e Nutricional nos diversos níveis de governo, a fim de mitigar o impacto e reduzir as consequências da pandemia de Covid-19.
O artigo é de autoria dos pesquisadores Aline Miroski de Abreu (Programa de Pós-Graduação em Nutrição/UFSC), Carina Carlucci Palazzo (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Divisão de Nutrição e Metabolismo/USP), Bernardo Paz Barboza (Programa de Pós-Graduação em Nutrição/UFSC), Elisabeth Wazlawik ( Programa de Pós-Graduação em Nutrição/UFSC), Rosa Wanda Diez-Garcia (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Divisão de Nutrição e Metabolismo/USP) e Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos (Programa de Pós-Graduação em Nutrição/UFSC).
Leia o artigo na íntegra (em inglês)
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