Supermercados mantêm estratégias mistas de ação: são os comércios que mais promovem ultraprocessados, mas também vendem alimentos saudáveis.
Um estudo desenvolvido por pesquisadoras brasileiras identificou potenciais barreiras e facilitadores para uma alimentação saudável a partir da análise do ambiente alimentar em diferentes tipos de estabelecimentos comerciais na cidade de Jundiaí, em São Paulo.
Ambiente alimentar diz respeito ao contexto físico, econômico, político e sociocultural em que os consumidores interagem para comprar, preparar e consumir alimentos. As características desse ambiente, como a disponibilidade de alimentos, o preço e a publicidade influenciam diretamente as escolhas e hábitos.
Foram analisados 650 comércios varejistas que vendem alimentos, entre supermercados, açougues, peixarias, sacolões e hortifrutis, padarias e mercados de bairro no município paulista.
Tomando por base o Guia Alimentar para a População Brasileira, as autorias combinaram dois critérios como método: análise fatorial para estimar fatores que caracterizam o ambiente alimentar segundo barreiras e facilitadores e regressão linear para avaliar a associação entre esses fatores e os estabelecimentos segundo suas características.
Entre os diferentes tipos de estabelecimentos analisados, os supermercados foram a única categoria que apresentou associação positiva com as três combinações de barreiras e facilitadores estudados (fator misto, mais facilitadores e mais barreiras). As autoras destacam que essa informação é particularmente importante, já que, no Brasil, 49% das compras de alimentos são realizadas em supermercados/hipermercados
No geral, aproximadamente 70% dos comércios estudados vendem bebidas açucaradas e guloseimas, contra cerca de 35% que vendem arroz, feijão, frutas e hortaliças, alimentos recomendados para uma dieta saudável no Brasil.
A maior exposição a alimentos e bebidas ultraprocessados, em especial, refrigerantes ou bebidas adoçadas, entre os itens vendidos e anunciados, foi mais frequente em supermercados e mercados de bairro. Esses produtos estão associados ao aparecimento de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, diabetes e doenças coronárias.
O estudo foi publicado no Cadernos de Saúde Pública e é de autoria das pesquisadoras Camila Aparecida Borges, Kamila Tiemann Gabe e Patricia Constante Jaime, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), e Daniela Silva Canella, do Instituto de Nutrição, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O artigo completo pode ser lido na íntegra aqui
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