Cerca de 7% dos meninos e meninas apresentam baixa estatura para a idade
Uma em cada dez crianças brasileiras de até 5 anos está com excesso de peso, segundo o mais recente relatório divulgado pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, o Enani. Excesso de peso é a combinação de sobrepeso e obesidade, dois indicadores que apresentam expressivo aumento nos últimos anos em todas as faixas etárias , e que podem elevar o risco de desenvolvimento de condições crônicas ao longo da vida, como problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão e câncer. Cerca de 18% dos meninos e meninas nessa faixa etária correm risco de sobrepeso.
Os pesquisadores chamaram a atenção para um dado alarmante. Cerca de 7% das crianças brasileiras estão abaixo da altura recomendada. Assim como os dados sobre excesso de peso, os índices sobre baixa estatura também foram significativamente maiores entre os bebês de 0 a 23 meses, chegando a cerca de 10%.
Esses resultados indicam que essas crianças podem ter sido expostas a restrições que acabaram comprometendo o seu crescimento e o seu desenvolvimento. O aumento da insegurança alimentar e nutricional, em decorrência de uma crise econômica agravada pela pandemia, expõe a urgência de ações necessárias para o enfrentamento das consequências da má nutrição infantil.
“A prevalência do indicador diminui conforme a faixa etária das crianças aumenta, o que sugere que a situação vem se agravando nos últimos anos”, explicou o coordenador do Enani, Gilberto Kac, professor titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (INJC/UFRJ).
A pesquisa avaliou 14.558 crianças e 12.155 mães biológicas em 12.524 domicílios brasileiros, em 123 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal, entre fevereiro de 2019 e março de 2020. O excesso de peso também foi registrado em mais da metade das mães com filhos nessa faixa etária: 58,5%.
Com financiamento do Ministério da Saúde, o Enani avalia as práticas de aleitamento materno e de alimentação, o estado nutricional antropométrico e as deficiências de micronutrientes entre crianças brasileiras menores de 5 anos. Os resultados vão sendo divulgados em etapas.
O estudo foi concebido por pesquisadores de um consórcio de instituições de ensino e pesquisa baseado no estado do Rio de Janeiro, liderado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com participação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
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