Duas pesquisas realizadas no Rio de Janeiro (RJ) e de Belo Horizonte (MG) indicam a presença de ambientes alimentares não saudáveis no entorno das escolas, como desertos e pântanos alimentares.
Os desertos alimentares são locais em que o acesso a alimentos in natura ou minimamente processados é limitado ou não há disponibilidade de alimentos saudáveis. Já os pântanos são locais em que a venda de alimentos ultraprocessados é predominante.
A exposição de estudantes de ensino fundamental e médio ao consumo de alimentos não saudáveis e o baixo consumo de alimentos saudáveis é preocupante para o desenvolvimento de crianças e adolescentes que, por estarem em fase de crescimento, necessitam de uma alimentação saudável.
Foto: Senado Federal
No Rio de Janeiro, um estudo realizado pela revista científica BMC Public Health em 3.159 escolas públicas e privadas da região aponta que 97% das escolas estão localizadas em áreas conhecidas como pântanos alimentares. A pesquisa também mostrou que 15% das escolas estão localizadas em áreas conhecidas como desertos alimentares e 12% estão localizadas em áreas com ambas as características.
Os desertos e pântanos alimentares estão simultaneamente mais presentes em bairros escolares de baixa renda, maior privação e maior segregação, indicando como as desigualdades socioeconômicas influenciam os ambientes de alimentação escolar.
Os entornos das escolas públicas e privadas de Belo Horizonte, em Minas Gerais também são preocupantes. Um artigo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade Federal de Ouro Preto aponta que 54,6% das escolas localizadas na região estão em vizinhanças que são classificados como pântanos alimentares.
Os resultados revelam também que predominam na região estabelecimentos que comercializam alimentos para o consumo imediato (97,4%) e ultraprocessados, como os bares e lanchonetes no entorno das escolas de Belo Horizonte, o que expõe as crianças e os adolescentes a um ambiente alimentar não saudável.
Os dados da pesquisa também indicam que vizinhanças de menor renda costumam apresentar menor disponibilidade e variedade de estabelecimentos de venda de alimentos, com acesso mais limitado aos alimentos saudáveis e maior exposição à venda dos alimentos não saudáveis.
A exposição a ambientes alimentares não saudáveis favorece escolhas alimentares inadequadas de crianças e adolescentes, que fazem boa parte de suas refeições na escola e ainda estão em fase de formação do seu paladar. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados também favorece o desenvolvimento da obesidade infantojuvenil.
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